Tampa, Saint Petersburg e Clearwater – As belezas naturais e artísticas da costa oeste da Flórida
Descansar, agitar e conhecer a diversidade da cultura local. Sim, tudo isso é possível na simpática Tampa, a maior cidade americana do condado de Hillsborough, localizada na costa oeste da Flórida. E é para lá que fomos.
Eu e minha esposa, Rose, chegamos à cidade conhecida por muitos brasileiros somente pelo badalado parque de diversões Busch Gardens com um carro alugado em Miami. Foram quatro horas de estrada com belas paisagens pelo caminho e muito calor pré-verão, pois fomos no mês de junho. Santo ar-condicionado!
Nosso tempo em Tampa seria curto, pois ficaríamos por apenas três dias. Três intensos dias (pela nossa programação).
1º dia:
De cara, quando chegamos à cidade, o trato: vamos fazer o check-in no hotel e já sairmos para tentar conhecer, pelo menos, os principais bairros (ou os mais famosos) de lá.
Check-in feito, malas devidamente guardadas no quarto, roteiro em mãos e começamos o tour. Cypress Street, Lois Avenue, Kennedy Boulevard… avenidas que viraram caminho da roça nestes três dias em Tampa. Detalhe: não usamos o GPS neste tour inicial, fomos seguindo placas, já que tudo por lá é muito bem sinalizado.
E nessa de seguir placas, rumamos para Downtown Tampa, o centro comercial típico das grandes cidades: muitos prédios imponentes – chamados por aqui de arranha-céus e por lá de skyscrapers – e restaurantes que reproduzem bem o ar cosmopolita dali, já que muitos brasileiros (sim, nós estamos em todos os lugares ao mesmo tempo), cubanos, porto-riquenhos e europeus de diversas nacionalidades não somente trabalham naquelas redondezas como também empreendem naquele charmoso espaço. Ainda assim, Tampa é muito mais “americana” do que a quase latina Miami e a heterogênea Orlando.
Tivemos a oportunidade de conhecer por fora o clássico e conservadíssimo Teatro de Tampa (ou Tampa Theatre, para quem não gosta de certas traduções), mas não tivemos a sorte de conhecê-lo por dentro, pois estava fechado naquele dia. Passamos também em frente ao Tampa Bay Times Forum, espaço multifuncional onde os locais e turistas podem ver desde o tradicional hóquei no gelo disputado pelo Tampa Bay Lightning – time que é uma das paixões municipais – até grandes shows como os de Michael Bublé e Andrea Bocelli, programados para os próximos meses.
Aproveitando o assunto hóquei, outros pontos obrigatórios a serem conhecidos na região pelos aficionados por esportes é o Raymond James Stadium – estádio do time de futebol americano, Tampa Bay Buccaneers – e o Tropicana Field – ponto de encontro dos apaixonados pela equipe local de beisebol, Tampa Bay Rays. Mais do que simples espaços esportivos, os dois estádios se transformam em verdadeiros centros de entretenimento em dias de jogos.
E não é que aquele passeio pelo centro acabou em pizza? E que pizza! Nos deliciamos na Bavaro’s que fica na esquina das ruas Franklin e Twiggs. A pizzaria é administrada por uma autêntica família napolitana. Então, já sabe, né? Uma massa fina (e saborosa!) com muito molho de tomate e ingredientes na medida certa (nada de exageros). Pedimos uma de marguerita como prato principal e outra à base de Nutella como sobremesa. Ainda naquele dia, passamos pelo bairro Hyde Park, onde vimos aquelas típicas casas americanas com belos jardins e bandeiras dos Estados Unidos na frente, só que com um detalhe: casas grandes, lindíssimas, que mostram que ali é um bairro nobre da cidade. E dali chegamos à Bayshore Boulevard, uma avenida bem arborizada com um calçadão repleto de gente correndo, caminhando e passeando com cachorro com uma vista arrebatadora da Baía de Tampa, especificamente do rio Hillsborough. Ali, sem dúvida, é o cartão postal da cidade (além de Ybor City, onde chegaremos daqui a pouco).
Dependendo do dia, do nível do rio e da temperatura local, os visitantes podem explorar o estonteante cenário a bordo de uma lancha de passeio ou mesmo remando pelo rio que corta a cidade. Se sua viagem para Tampa está programa para o final de janeiro, você com certeza presenciará enfeitados e alegres navios piratas por ali, já que nessa época tem a tradicional celebração da Gasparilla, o carnaval de Tampa, além do Festival de Morangos local.
Naquele mesmo dia, conhecemos também a Davis Islands – ou Ilhas Davis, bairro residencial estilo mediterrâneo quase pé na água onde não faltam mansões, iate clubes, quadras de tênis e lindos parques. E, para encerrar o dia (ou a noite), passamos por Channel District e chegamos até o distrito mais que cubano Ybor City (se preferir, você pode fazer esse trajeto de bondinho ou de segway, aquele patinete motorizado comum em algumas cidades turísticas). O bairro carrega este nome como herança de Vicente Martinez Ybor, imigrante espanhol que foi proprietário de uma fábrica de charutos primeiramente instalada em Cuba, depois em Key West, nos Estados Unidos, e, por fim, em Tampa.
Ybor City é encantadora ao reunir um conjunto de prédios históricos, devidamente restaurados, do período de influência cubana e um ar boêmio concentrado na colorida rua conhecida como La Sétima, cheia de bares, restaurantes, lojas de lembrancinhas e tabacarias. O Columbia é um dos mais antigos e tradicionais restaurantes da cidade e apresenta, além da comida típica da ilha de Fidel, shows de flamenco no seu elegante espaço. Outra boa pedido é o La Terraza, restaurante italiano muito bem indicado por quem aprecia massas e saladas.
Já de volta ao hotel, depois de um dia de quatro horas de viagem e mais algumas de passeios, nossa noite terminou com um sono profundo…
2º dia:
E revigorante, já que hoje é dia de Busch Gardens! E a apenas quinze minutos do hotel.
Compramos os ingressos com o All Day Dining Deal, onde você paga um determinado valor e pode comer e beber, quantas vezes desejar, nos restaurantes participantes. Enfim, comida foi de menos lá, já que é basicamente fast food do tipo lanche, asinha de frango e pizza.
O bom do Busch Gardens é a variedade de montanhas-russas que o parque oferece: Cheetah Hunt (que passa dos 100 quilômetros por hora em alguns pontos), Sheikra, Montu, Kumba e Gwazi, sim, fomos em todas essas. Ainda bem que não comemos muito. Mas mesmo assim, não me senti muito bem depois de ir no The Phoenix, barco viking que vira de ponta-cabeça. É atordoante.
Além das atrações radicais, também tivemos a oportunidade de ver de pertinho gorilas e chimpanzés no Myombo Reserve. Estes nomes todos – tantos das montanhas-russas como de praticamente todas as atrações do parque – são africanos, já que o Busch Gardens é um parque que tem essa temática.
Na África, pelo menos no clichê turístico, não podem faltar animais, certo? Nem em um lugar onde este continente é homenageado. Em um passeio de trenzinho, vimos girafas, rinocerontes, hipopótamos, leões, crocodilos, cangurus, búfalos, zebras, elefantes…
Só não tivemos a sorte de ver mais animais porque tanto o Serengeti Safári (caminhonete aberta que passa entre eles) como o Skyride (teleférico que sobrevoa o parque) fecharam por causa da chuva que começou à tarde.
Então aproveitamentos para conferir os shows Madagascar e Iceploration, imperdíveis tanto para os adultos quanto, principalmente, para as crianças!
Um dia no Busch Gardens vale por outra ótima noite de sono.
3º dia:
Depois de curtir a cidade, os pontos turísticos, a gastronomia, enfim, as principais atrações de Tampa, resolvemos reservar o terceiro dia para curtir uma praia. E fomos para a vizinha e apaixonante Clearwater.
O caminho é maravilhoso. Seja pela rodovia estadual 60, pela interestadual 275 ou pela Gandy Boulevard, a velha Baía de Tampa faz companhia durante todo o trajeto. Já na cidade litorânea de Clearwater, no condado de Pinellas, o encanto continua. O final da estrada Florida State Road 60 não poderia ser mais convidativo: chegamos ao Píer 60, na concorrida Clearwater Beach, eleita neste ano a melhor praia da Flórida pelo USA Today. A parada no píer é obrigatória, seja para tomar um sorvete, seja para se divertir vendo os pássaros que ficam de olho nas iscas dos pescadores ou mesmo para apreciar o mar do Golfo do México e a linha do horizonte de um lado ou fotografar a faixa de areia e os vistosos hotéis que compõem o cenário da principal avenida à beira-mar da cidade.
Nos finais de tarde, o Pier 60 costuma receber artistas e músicos de rua enquanto os visitantes curtem o pôr-do-sol.
É altamente recomendável tomar um banho de mar em Clearwater, já que as águas do Golfo do México têm como principal característica serem quentinhas – e refrescantes. Alugamos um guarda sol e duas cadeiras, ficamos um tempo na areia, no mar, na areia, no mar, na areia… e, mais tarde, saímos caminhar pelo calçadão, onde se encontram muitos bares, restaurantes e lojas de roupas.
Ainda naquela região, não poderíamos deixar de conhecer o Clearwater Marine Aquarium, casa do astro hollywoodiano Winter, o famoso golfinho que perdeu a cauda em um acidente com armadilhas de pesca e emocionou o mundo com sua recuperação assistida por veterinários que adaptaram uma prótese para ele. Uma multidão estava ali para vê-lo. E é assim todos os dias.
Mais tarde, lá estávamos nós no carro para conhecer as outras praias da região. Fomos descendo pela Gulf Boulevard e passamos por vários lugares belíssimos: Sand Key, Belleair Beach, Indian Rocks Beach, Redington Beach, Madeira Beach e, sem perceber, já havíamos chegado a Saint Petersburg. Passamos rapidamente pela St. Pete Beach e seguimos rumo a Fort de Soto Park, eleita por dois anos consecutivos por usuários do site TripAdvisor como a melhor praia dos Estados Unidos. É simplesmente arrebatadora a paisagem que aqueles praticamente 10 quilômetros de praia proporcionam aos nossos olhos.
Nesse dia cheio de passeios, praias e rodovias, ainda tivemos tempo de passar – de carro – pelo Johns Pass, um atraente centro de compras estilo vilinha caiçara cheio de lojas de artesanato, de souvenirs, de roupas de praia, de produtos locais, além de convidativos bares e restaurantes.
Depois de um dia de muita paz e sossego, voltamos para Tampa e fomos direto para o hotel descansar mais um pouco, já que no dia seguinte, um outro hotel em St. Petersburg nos aguardava.
4º dia:
Antes de irmos embora da cidade pela qual nos encantamos, ainda quisemos conhecer o Henry B. Plant Museum, também conhecido como Tampa Bay Hotel. É praticamente um castelo antigo onde, em 1891, funcionava um hotel chiquérrimo freqüentado por magnatas de todo o mundo. Vale a pena conhecer o museu e mergulhar na história daquele local que hoje pertence à Universidade de Tampa.
Ops, não posso esquecer de indicar também um roteiro indispensável para quem estiver com as crianças em Tampa: Glazer Children’s Museum, onde os pequenos podem interagir com diversas montagens e exposições educativas. Ah, aproveita e leva as crianças também ao Florida Aquarium: dá pra passar algumas boas horas se entretendo com os milhares de animais e plantas aquáticas de várias partes do mundo.
Pois é, não conseguimos deixar esta cidade pra trás assim tão fácil. Deu tempo também de conhecermos um belo shopping com centenas de lojas de grife (como Gucci, Louis Vitton, Apple e Hugo Boss, além das grandes de departamento, como Neiman Marcus e Nordstrom) e ótimos restaurantes: o International Plaza & Bay Street. Destaco dois restaurantes divinos: o Ocean Prime, onde experimentamos uma salada com frutos do mar, e o Pelagia Trattoria, com destaque para uma entrada com lulas fritas em tiras acompanhadas de um molho pizzaiolo fresco e picante. Adiós, Tampa!
Poucos minutos de estrada e chegamos a St. Petersburg. Tempo de fazer check-in no hotel e de conhecermos o mesmo. Boutiques, sorveteria (Uncle Andy’s Ice Cream), sauna, spa, uma área com piscinas e jacuzzi, além de um lobby luxuosíssimo com mobiliário em estilo antigo, com um bar lotado de turistas de várias partes do mundo (incluindo alguns brasileiros) e uma agradável área de descanso e leitura fazem parte do centenário pé na areia Don Cesar Hotel, da rede norte-americana Loews.
Fomos muito bem recebidos pela gerente Ana Fernandez, uma porto-riquenha extremamente simpática que nos recepcionou com porções e cervejas no lobby bar e muito bate-papo sem compromisso. Ela nos mostrou algumas fotos de famosos da música pop e do cinema hollywoodiano que já se hospedaram no requintado hotel que foi construído em 1928.
Por fim, tivemos mais uma grata surpresa quando entramos no quarto. Em cima da cama, dois kits com toalhas, bonés, camisetas e brindes personalizados, além de uma mesa com frutos do mar e uma garrafa de vinho para brindarmos aquela maravilha toda. Então, um brinde! Cheers!
5º dia:
Iríamos aproveitar este dia para curtir a St. Pete Beach, aquela praia que víamos da janela do nosso quarto. Eu disse “iríamos”. Não rolou.
Ventos fortes o dia todo, muita chuva, árvores balançando violentamente… Passamos a manhã e a tarde no hotel vendo os noticiários nas emissoras de TV locais para entender o que estava acontecendo.
Sim, era uma tempestade tropical que estava com força total naquela região do Golfo do México e que ainda poderia se transformar em um tornado. Menos mal que não se transformou e que durou só por algumas horas.
Já que o hotel foi a atração do dia, porque não ser também a da noite? E foi. Aproveitamos para conhecer o premiadíssimo restaurante do Don Cesar, o Maritana Grille, com o reconhecimento da AAA Four Diamond Award. O King Crab & White Truffle Fagottini é altamente recomendável para quem aprecia pasta com frutos do mar. Uma massa no formato de mini crepe que derrete na boca recheada com tomates picados e aspargos e acompanhada por patas de caranguejo gigante. Para arrematar a noite, Chocolate Fleur De Sel de sobremesa. E nada mais.
6º dia:
Aí sim, uma manhã de praia e piscina. De piscina e praia. E vice-versa.
Aproveitamos para descansar bastante, renovar nossas energias com a água calma e quentinha da St. Pete Beach e também para começar a arrumar nossas malas para o dia seguinte.
St. Petersburg é bastante conhecida não somente pelas belas praias, mas também por ser um destino bem procurado por viajantes que gostam de arte e cultura. O Museum of Fine Arts, por exemplo, reúne uma coleção permanente de obras de diversos artistas de todo o mundo que vão da antiguidade ao presente. Há também o luxuoso Chihuly Collection, que apresenta trabalhos feitos em vidro e cristal pelo artista plástico Dale Chihuly.
À tarde, aproveitamos para conhecer o The Dali Museum, maior coleção reunida de obras do espanhol surrealista fora da Europa. Entre fotografias, desenhos e quadros do artista, são centenas de atrações para serem vistas e sentidas em um prédio inspirado no trabalho de Salvador Dalí. Junto ao edifício, há uma loja de suvenires com réplicas de suas obras, além de um café e de um labirinto a ser explorado pelos visitantes com o direito de fazer um pedido depois de amarrar as pulseiras de acesso ao museu em uma árvore.
Mas o passeio por aquelas imediações ainda não acabou, pois bem ao lado do museu há um espaço onde o convite é obrigatório: observar a Baía de Tampa e simplesmente relaxar. Vale passar alguns minutos – ou até mais – passeando por ali e sentindo a brisa no rosto. Só não se esqueça do protetor solar, pois nessa região o sol aparece forte quase sempre (se não sempre, pelo menos uns 350 dias no ano).
E, depois de muitos passeios – e muito sol – mais uma lua chegou… A última.
7º dia:
Enfim, o dia de irmos embora. Enquanto arrumava as minhas coisas pela manhã, as cenas vivenciadas na semana iam passando pela minha cabeça e já deixando saudade.
Organizamos tudo, fizemos o check-out e rumamos para Miami para devolvermos o carro e voarmos de volta ao Brasil com a sensação de que cada segundo desta viagem valeu a pena. Na volta, ainda paramos para mais umas comprinhas básicas no Ellenton Premium Outlets, distante 65 quilômetros de Tampa.
Conseguimos descansar, agitar e conhecer a diversidade da cultura local dessas três cidades irmãs – Tampa, Clearwater e St. Petersburg – que compõem a Baía de Tampa e que vêm conquistando com méritos a fama de destinos turísticos imperdíveis. Afinal, não é só de Miami e Orlando que vive a Flórida.
* para mais informações sobre esses destinos, acesse: Unlock Tampa Bay / Tampa Attractions / Tampa’s Downtown / Visit St. Pete Clearwater / St. Pete Beach
** parte desse texto foi publicada na revista Brasil Travel News, após eu ganhar um concurso cultural promovido pela mesma; e o melhor: a viagem foi toda paga pela empresa.